Dread says:

"Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!"
[Nietzsche]

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ódio e outras divagações.

A todas as pessoas na Terra: eu as odeio. Não se assustem por tais palavras tão diretas e pungentes, às vezes o jeito mais doce de se dizer algo assim tornasse o mais doloroso. Porém são as palavras mais puras que minha boca proferiu em um bom tempo. Talvez a pessoa a qual meu corpo resista a tentação de odiá-la seja aquela que eu ame. Mas não sou tão leviano a ponto de afirmar isso. E meu amor continua restrito a uma parte de mim escura que dificilmente é achada, e das poucas vezes que foi, obrigaram-na a se esconder mas profundamente em mim, em lugares que eu temo procurar.

Eu odeio as pessoas e, por extensão, eu também me odeio por ser uma. Odeio me pelas minhas limitações, pelos meus anseios, pelas minhas falhas, pelas minhas insólitas verdades, meu escánio pelo espiritual, pelo meu desapego ao apego, pela minha aversão a alegria, pela minha vida mal vivida, minhas noites mal dormidas, pelos sentimentos inverídicos, pelas mentiras vivenciadas, pela ternura desconcertada, pelo amor fingido... É, eu vos odeio, e me odeio, e odeio por não poder odiar mais. Porque quando se tem tal sentimento aprendemos a dar o devido e digno volor ao que nós amamos. Mas não vim divagar sobre esse sentimento tão pouco conhecido por mim.

Talvez o único consolo que eu leve dessa vida mundana é o gosto pelo adverso. A minha única sedução seja pela morte, e minha única esperaça, fundou um jazido na realidade e lá descansa em paz, que pena...

O anseio pelo meu último suspiro é o que me leva em frente, pois é nele que meu Eu se extingue, e meu ódio se esvai, flui na vastidão terrena, dissolvi-se no mar irrequieto de desafetos e suspiros indiferentes. E é na ultima braçada de ar que a frangância mais pura prende você à realidade ao mesmo tempo que te separa de tudo o que é terreno, e no final é descanso. E no final, servimos para a única coisa a qual fomos feitos: adubo.

Postado por Dread